Thiago Amparo
Minha previsão é que em 2025 a polícia brasileira, parafraseando Conceição Evaristo, vai combinar de nos matar e a gente vai continuar a combinar de não morrer.
Fabio Zanini
O ano novo é 2025, mas pode chamar de “2026 menos 1”. Tudo estará direcionado para uma campanha presidencial em que deve imperar a incerteza. Lula terá saúde (e popularidade) para disputar o quarto mandato? Tarcísio de Freitas ficará mesmo restrito ao governo de São Paulo? Sim, Jair Bolsonaro está fora do jogo, mas quem será seu ungido?
Na Justiça, será um ano de alta dramaticidade, com a denúncia contra Bolsonaro e aliados e provavelmente o julgamento no STF. São grandes as chances de o ex-presidente passar o próximo Natal na prisão. Na Câmara, a temperatura tende a baixar, com a troca do mercurial Arthur Lira pelo polido Hugo Motta. No Senado, o professoral Rodrigo Pacheco sai e chega Davi Alcolumbre, centrão raiz.
Mas o cabo de guerra com o Executivo, por causa das emendas, seguirá inabalável. Aqui sem chance de errarmos.
Demetrio Magnoli
1) O futuro é ainda mais incerto que o passado; 2) Trump usará tarifas como sanções geopolíticas, em nome do seu America First, provocando oscilações extremas na economia global. O Brasil, que insiste em não buscar o equilíbrio fiscal, não se preparou para as tempestades; 3) Face à impotência dos europeus, a Casa Branca imporá uma paz cartaginesa à Ucrânia —como Lula sempre quis; 4) Netanyahu vencerá sua guerra —e, com isso, Israel perderá seu bem mais precioso, que é a legitimidade histórica; 5) Nos EUA e aqui, os partidos desistirão do falido discurso identitário, que continuará a ecoar, como voz de um cadáver, nas universidades e na imprensa.
Solange Srour
O ano começa com a economia brasileira abalada pelo aumento substancial do prêmio de risco nos ativos domésticos, como a taxa de câmbio, as taxas de juros altas em todos os prazos e o valor das ações.
A incerteza em relação aos rumos da política fiscal tem causado uma perda significativa de confiança dos investidores, com impactos já visíveis no mercado. Os efeitos dessa deterioração na economia não devem demorar a surgir. Uma queda acentuada no dinamismo da atividade econômica e uma alta expressiva da inflação são cenários prováveis. Hoje o tripé macroeconômico —composto por metas de inflação, metas fiscais e câmbio flutuante— está em xeque.
No cenário externo, os desafios também são significativos, com incertezas sobre os rumos da política econômica dos Estados Unidos e a sustentabilidade do crescimento na China. Sem um ajuste fiscal mais sólido e de médio prazo no início do ano, 2025 será marcado por dificuldades e, mais do que isso, poderá comprometer também o desempenho de 2026. O senso de urgência no início do ano é absolutamente indispensável.
Vinicius Torres Freire
O Brasil decide se terá candidatos a presidente para um novo ciclo político ou se ainda fica na República fundada em 1985 e afundada desde 2013. Os EUA decidem se jogam o mundo em crise econômica, política e militar como a dos anos 1920 e 1930 ou se reduzem Donald Trump à irrelevância que merece.
Não falaremos de escolas de crianças pobres ou de SUS. Como previsto em 2023.
Lucia Guimarães
A eleição presidencial de novembro passado jogou não só os Estados Unidos, mas seus aliados e adversários, num caminho de grande incerteza, com potenciais erupções de instabilidade global.
O gabinete escolhido por Donald Trump, com exceção do Secretário do Tesouro, é uma trupe de despreparados para suas pastas. A partir de janeiro, eles devem mostrar o que têm em comum: o ímpeto de quebrar louças e desmontar estruturas de governo, não de reformá-las. Mesmo antes de tomar posse, o presidente eleito já age para erodir a liberdade de imprensa, perseguindo jornalistas e empresas de mídia.
Em 2025, os americanos vão descobrir que o termo “oligarca” não se aplica mais só a bilionários russos. O poder sem precedentes de Elon Musk vai definir a Presidência Trump, se o próprio patriarca, notório ciumento do protagonismo alheio, não se cansar de ouvir falarem em presidente Musk.
Sylvia Colombo
Os primeiros agitos sociais e eventuais embates violentos vão ocorrer nos Andes, já a partir do início do ano. O mão-de-ferro Daniel Noboa, até aqui presidente tampão do Equador (eleição em fevereiro), precisa reafirmar-se num país dominado pelo crime organizado internacional.
Também nas alturas dos Andes, Evo Morales, se continuar sendo irresponsável, pode meter seu povo em um enfrentamento fratricida antes mesmo da eleição (agosto).
Na Argentina, Milei vai às legislativas com sede de mais apoio para seus projetos mais ambiciosos, como a dolarização, mas esticando até onde pode a popularidade mesmo ante as dificuldades.
Para a Venezuela, são poucas as possibilidades de uma mudança. Salvo um racha interno, o chavismo adotará o isolacionismo estilo nicaraguense, concentrará ainda mais poder e o interesse internacional vai minguar.
Marcelo Leite
A crise do clima, que é o problema mais grave do mundo, seguirá sem solução adequada em 2025. Secas, enchentes, deslizamentos, incêndios florestais e ondas de calor voltarão a se repetir sem que governos nacionais consigam obter consenso sobre quem vai pagar os trilhões necessários para evitar o pior. Em outras palavras, a COP30 em Belém será um novo fracasso.
Antonio Prata
Espero que o sucesso de “Ainda estou aqui”, em 2024, faça o audiovisual brasileiro sair do atoleiro em que patinou nos últimos anos. O governo passado tentou assassinar as artes por asfixia e o governo atual tenta revitalizá-la com remédios tão bem intencionados quanto equivocados. (Longe de mim querer equiparar os dois presidentes. Tentativa de assassinato é muito mais grave do que erro médico. É que aqui, no caso, eu tô mais preocupado é com a sobrevivência do paciente, mesmo).
Flavia Boggio
Com o aquecimento global, a Terra vai registrar temperaturas ainda mais altas em 2025. Além de todas as tragédias climáticas, alguns utensílios e hábitos ficarão obsoletos.
O aparelho de fondue, por exemplo, que já ficava no fundo do armário nas três estações, será aposentado para sempre. Nem mesmo Campos de Jordão terá clima para tal iguaria.
O aquecimento global vai acabar com o clima de romance ao extinguir o ato de “dormir de conchinha”. Com o calor extremo ninguém vai querer encostar no parceiro enquanto dorme.
O inverno também se tornará obsoleto e teremos apenas duas estações: verão e verão.
Gabriel Vaquer
Na TV, o ano deve ser melhor do que aquele que passou. ‘Vale Tudo’, o remake, deve pegar pela curiosidade e pelo fator 60 anos da Globo. Imagino também um SBT mais inconstante do que nunca. No mundo da mídia esportiva, tenho certeza que o torcedor vai se confundir em como ver seu time na TV em 2025, com tamanha polarização de lugares para assistir. Ah, e claro: prevejo um Brasil ainda de péssimo humor. E sem um programa decente para fazer rir na televisão…
Mirian Goldenberg
Será o ano da “Revolução da Bela Velhice”. Mulheres e homens de todas as idades estarão juntos na luta pelo respeito à autonomia, saúde e felicidade dos mais velhos. Em vez de brigar com o passar dos anos, de sentir medo e vergonha de envelhecer, iremos enxergar a beleza da nossa velhice perfeitamente imperfeita e, como queria Rita Lee, teremos a coragem de brincar e de deixar florescer o “tesão na alma”. Viva a “libertação grisalha”!
Bruno Gualano
Prevejo novas dietas da moda, novos treinos da moda, novos suplementos da moda. Também vêm aí mais chips da beleza, lifting facial, lifting de seios, lifting de bumbum, lifting do corpo todo, abdominoplastia (tradicional e mini), lipoaspiração (incluindo a de papada) e cirurgias íntimas (o meu palpite de best seller para 2025). Hormonólogos continuarão tentando nos convencer de que a natureza falhou em não equipar espécies femininas com níveis masculinos de testosterona. Todos esses produtos e serviços se provarão uma bobagem diante da ciência e do bom senso. Os vendedores de corpo ideal prosperarão. E, ao final deste novo ciclo, você precisará perder só mais dois quilinhos.
Isabelle Moreira Lima
Vamos olhar com mais atenção para os vinhos brasileiros, assim como para os de pequeno produtor e os de regiões antes inexistentes (aquecimento global bombando). Os brancos serão preferência e veremos muitas microtendências que tornarão a bebida assunto quente. Devemos beber menos, mas torço para que bebamos melhor. O grande vilão será o preço (e o câmbio, as margens altas, os novos e velhos impostos, etc. etc.).