Em última instância, basta que propaganda extremista encontre eco em mentes perturbadas para que surja um terrorista em potencial, seja ele estrangeiro ou nacional do país, fundamentalista religioso ou supremacista racial. O objetivo é pavor e paranoia, ou seja, criar um ambiente em que a sensação de paz é impossível.
Se dificultam o acesso à pólvora e a explosivos plásticos, criam bombas a partir de produtos de limpeza. Se colocam substâncias químicas na lista de produtos controlados, explodem carros ao lado de mercados, escolas e construções. Se criam cordões de isolamento para proteger edifícios, arremessam aviões. Se aumentam a segurança nos aeroportos, atacam baladas. Se controlam a entrada de pessoas suspeitas em locais fechados, atropelam pessoas na rua, matando indiscriminadamente adultos e crianças, residentes e turistas.
Atentados feitos por atropelamentos escondem uma verdade incômoda. A forma como governos têm articulado o enfrentamento a ataques terroristas, de origem interna ou externa, não foi, não é e nunca será totalmente efetiva no seu intuito. Pelo contrário, a inventividade humana encontra, diante de inócuas proibições, diferentes formas de massacrar em massa os semelhantes.
Basta lembrar que, em 2001, alguém teve a ideia de jogar aviões contra Nova York e Washington DC.
Mesmo se for adotada uma das supremas ignomínias defendidas por políticos bizarros e populistas – excluir uma etnia, cidadania ou religião de determinado território sob a justificativa de segurança nacional – é bem provável que continuarão ocorrendo ataques.
Afinal, não são imigrantes ou uma crença os responsáveis pelo terrorismo, mas discursos e interpretações violentos, que apontam saídas fáceis para situações complexas, que encontram terreno fértil para crescerem e se desenvolverem.